Conhecida também como fruta-dragão, a pitaia chama atenção onde estiver, seja nas gôndolas dos mercados ou nas cestas das feiras. O visual extravagante e a riqueza nutricional têm conquistado os consumidores brasileiros, o que torna a fruta uma opção interessante para a diversificação de culturas entre os produtores rurais. Atentos a essa demanda, agricultores familiares de assentamentos assistidos pelo Governo de Goiás, por meio da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), estão investindo no cultivo de pitaia e obtendo resultados positivos.
Em Flores de Goiás, no Projeto de Assentamento (PA) Bela Vista, o casal Luciano e Cleuza Rodrigues decidiram começar a plantar a fruta-dragão há oito meses. Natural de Santa Catarina, segundo maior produtor do País, Cleuza já estava familiarizada com aspectos relativos ao cultivo. Com cerca de 35 hectares, a chácara do casal conta hoje com 600 pés de pitaia, divididos entre seis variedades: costa rica, vermelha, nicaragua, nicaragua gigante, roxa do pará e amarela colombiana.
Apesar da cultura ser pouco difundida na região, a família Rodrigues optou por mergulhar na experiência. Profissionais da Emater, a extensionista Leide Moreira e o engenheiro agrônomo Wesley Eloi, orientaram quanto à adubação correta e fizeram a análise de solo. “É uma fruta diferente, exótica e com comércio ainda em crescimento”, enfatiza Cleuza. A expectativa é alta, já que as plantas estão frutificando antes do tempo esperado. Normalmente, os frutos atingem o ponto apropriado para comercialização em cerca de três anos após o plantio.
O volume de produção ainda tímido é uma realidade em todo o Estado. De acordo com o Censo Agro 2017, o levantamento agropecuário mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a quantidade de pitaia produzida naquele ano foi de 23 toneladas, em área total de 135 hectares distribuídos em 12 estabelecimentos rurais goianos. O valor da produção foi estimado em cerca de R$ 393 mil.
Manejo simples
O cultivo fácil atraiu o pequeno produtor Silvio Marques Gomes, do assentamento Associação Santa Helena, em Jataí, município na região Sudoeste de Goiás. No sítio Bom Sucesso, com cerca de 10 hectares, o agricultor familiar trabalha também com mexerica e laranja. “O diferencial é que a mão de obra no cultivo de pitaia é bem mais tranquila, porque não exige muita manutenção. Faço a poda uma vez por ano”, relata.
Com espécies de polpa vermelha e de polpa branca, Silvio cuida de 145 pés da fruta. Mesmo que a pitaia apresente demandas mais simples de cultivo, o produtor atenta para a questão da polinização. Como a abertura das flores tem início à noite, normalmente a partir das 19h, prolongando-se até as 8h do dia seguinte, o processo de polinização deve ser feito preferencialmente nesse período para a geração de frutos maiores em tamanho e qualidade.
Comercialização
Ponderação é a palavra-chave que o fruticultor deve ter em mente antes de optar pela cultura de pitaia. De acordo com o engenheiro agrônomo e coordenador regional da Emater, José Luiz Pereira, a fruta-dragão é considerada um “nicho de mercado”, portanto é preciso avaliar o mercado local para evitar prejuízos. “A pitaia começou a cair no gosto dos consumidores brasileiros há pouco tempo. É necessário tomar cuidado, já que não é uma fruta que as pessoas têm o hábito de consumir diariamente”, alerta.
Ainda que a comercialização seja mais robusta em grandes centros, o profissional aponta também os benefícios do plantio. “Se adapta bem a climas secos, então Goiás tem condições favoráveis para a produção de pitaia em todo o Estado”, esclarece. Resistente a doenças, o fruto pode ser cultivado em todas as regiões do Brasil, desde que os tratos culturais sejam praticados de maneira adequada.
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