O Queijo Cabacinha, produzido na região do Sudoeste goiano, agora é Patrimônio Cultural do Estado de Goiás. O reconhecimento ocorreu na última quinta-feira (14), com a sanção da Lei nº 20.963 pelo governador Ronaldo Caiado, conforme publicação no Diário Oficial do Estado. A declaração é um passo importante para a obtenção do registro de Indicação Geográfica (IG), processo que tem sido executado pelos produtores com o apoio do Governo de Goiás, por meio da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), e outras instituições parceiras.
O registro de IG é conferido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) a produtos ou serviços que carregam características únicas graças a seu local de origem. Assim, além de preservar as tradições locais, a IG diferencia o produto, melhorando seu acesso ao mercado e impulsionando o desenvolvimento regional. “O reconhecimento do queijo como patrimônio enriquece o nosso dossiê relativo à indicação”, esclarece a engenheira agrônoma da Emater em Mineiros, Márcia Maria de Paula. O trabalho para obtenção do selo começou em 2011, quando representantes do Mapa estiveram no município para a III Festa da Semente e verificaram a existência de um produto típico da região.
Produzido há quase um século, o queijo cabacinha é um tipo de muçarela de origem italiana que começou a ser fabricado com leite cru para povos nômades. Ele recebe esse nome por lembrar uma cabaça, em razão do formato adquirido após ser amarrado e pendurado para secar. No Brasil sua produção é registrada em Goiás, em cidades localizadas nas regiões das nascentes do Rio Araguaia, e também no Mato Grosso.
A importância cultural se funde com a relevância econômica do produto. De acordo com Márcia, o queijo é fonte de renda de cerca de 500 agricultores familiares dos municípios de Mineiros, Santa Rita do Araguaia, Portelândia, Doverlândia e Perolândia, em Goiás; e Alto Araguaia, Alto Taquari, Araguainha, Ponte Branca e Alto Garças, em Mato Grosso. A produção é estimada em 60 toneladas por mês, o que representa a geração de R$ 1,8 milhões mensais, considerando o preço de um real o quilo.
Com o título de Patrimônio Cultural, os produtores de Queijo Cabacinha têm garantida a valorização de seu produto e das técnicas de produção. A conquista é fundamental para a preservação da história e da identidade do povo goiano. “Nós vemos com muita alegria esse reconhecimento, que com certeza irá trazer um diferencial enorme para nossa região, para o Estado de Goiás e todo o Brasil”, comemora a profissional.
Em busca da Indicação Geográfica
No processo de registro, está sendo elaborado um dossiê que será apresentado ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Consta no documento informações sobre a história do Queijo Cabacinha, métodos de produção e regulamento de uso. Os benefícios da Indicação Geográfica são vários, desde o reconhecimento nacional e internacional do produto até o impulsionamento do turismo, passando pela geração de empregos e renda. A certificação agrega ainda valor ao produto e protege a região produtora.
O trabalho para a aquisição do selo é realizado em conjunto pela Emater e entidades como a Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento em Goiás, a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Estadual de Goiás (UEG), Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas e Micro Empresas (Sebrae) e Prefeituras Municipais.
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