Agricultores familiares assistidos pela Emater engrossam estatísticas sobre produção de banana em Goiás

Estado deve produzir na safra 2021 mais de 202 mil toneladas do fruto, conquistando posição de 10º maior produtor do país; pequenos produtores enxergam rentabilidade e investem na cultura

A produção de banana em Goiás deve alcançar mais de 202 mil toneladas na safra 2021, o que torna o Estado o 10º maior produtor do país. Esses números se devem aos 2.544 estabelecimentos produtores, entre eles propriedades de agricultores familiares, que também são fundamentais para engrossar as estatísticas e colocar a produção de banana goiana em destaque.  

Em Santo Antônio de Goiás, município da Região Metropolitana de Goiânia, o produtor Alvino José de Souza chega a colher mensalmente 120 caixas do fruto com 25 quilos cada. Assistido há cerca de dez anos pelo Governo de Goiás, por meio da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), o agricultor tira toda a sua renda da venda de bananas-maçã orgânicas.

Segundo ele, a Emater está presente desde o início de sua jornada como produtor rural. “O técnico traz muito conhecimento para a gente e deu coisa boa”, relata. O profissional responsável pela assistência técnica no local, Olldoen Emiliano, realizou um trabalho completo envolvendo a análise de solo, orientações quanto aos tratos culturais, recomendação de calagem e adubação correta.

No caso de Alvino, a escolha pelo sistema de cultivo orgânico confere ainda mais valor a seu produto. Apesar da mão de obra ser um pouco trabalhosa, ele considera o manejo mais seguro que o sistema convencional, por conta da não utilização de aditivos químicos. No supermercado, a banana-maçã produzida pela família já foi encontrada por R$ 8 o quilo e a venda direta do bananal consegue alcançar bons preços para o agricultor.

A rentabilidade da banana foi um dos fatores que atraíram Miguel Leite da Silva, com propriedade em Indiara, município do interior de Goiás. O produtor procurou a Emater no início do ano passado para começar a implantar a cultura de maneira adequada. “Em fevereiro agora já estava dando cacho”, conta satisfeito. 

De acordo com a engenheira agrônoma Maquell Chaves, a Emater ofereceu acompanhamento em todas as etapas de implantação. “Desde a procura e aquisição da muda da variedade que o produtor queria – banana-maçã e marmelo –, orientação se tal variedade era compatível com as condições de nossa região, até a instalação do melhor sistema de irrigação a ser utilizado”, detalha. 

Com dez alqueires de terra, a fazenda dedicava-se principalmente à produção de abacaxi, com 40 mil pés do fruto. Determinado em diversificar a produção, Miguel decidiu investir na mandioca, ainda incipiente, e nas bananas, cujo resultado positivo o levou a querer ampliar a produção. Hoje, são 350 pés de banana, mas o produtor pretende plantar mais 450 mudas no próximo mês.

“A turma está achando muito bom por causa da qualidade do meu produto. Tem gente que trocou o supermercado para comprar banana direto de mim”, revela o agricultor. Ainda que recente, o bananal já rende bons frutos, chegando a gerar 14 caixas por semana com, em média, seis quilos cada.

O produtor também intenciona comercializar para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), projeto do qual participa fornecendo abacaxis. O PNAE é um programa do Governo Federal que oferece alimentação escolar e ações de educação alimentar e nutricional a estudantes do ensino básico público. Pelo menos 30% dos repasses devem ser utilizados na compra de produtos da agricultura familiar.

Principais cuidados

Planta de regiões úmidas e quentes, a bananeira tem sua origem no sul da Ásia. É constituída de um falso tronco, formado por várias folhas grandes e verdes-claras, que atingem de 1,8 a oito metros de altura. Com produção abundante e de fácil escoamento, a banana é bem recebida entre agricultores familiares, no entanto é preciso atentar-se a alguns cuidados ao optar por essa cultura.

“O grande gargalo hoje na produção de banana-maçã, por exemplo, é a questão do controle do Mal do Panamá, que a pesquisa ainda não conseguiu desenvolver uma forma de o produtor contornar esse problema”, explica o engenheiro agrônomo da Emater, Olldoen Emiliano. O Mal do Panamá é uma doença causada por fungo, provocando rachaduras no pseudocaule, amarelecimento e quebra foliar e descoloração vascular.

Para o cultivo de maneira geral, segundo o especialista, as medidas são básicas. Variedades como a prata, marmelo e da terra se caracterizam por serem materiais que uma vez plantados apresentam pouco risco de infecção. A atenção deve ser voltada para a entrada de pessoas na área de cultivo, especialmente transportadores, que podem ter tido contato com frutos contaminados.

Números da banana em Goiás

Conforme o boletim informativo Agro em Dados de abril, publicado pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), a produção goiana de banana deve alcançar neste ano 202,9 mil toneladas, em uma área total de 13 mil hectares. A produtividade média é calculada em 15,6 toneladas por hectare. Atualmente, Goiás tem 2,5 mil estabelecimentos produtores de banana, distribuídos em 109 municípios.

Anápolis aparece em primeiro lugar, entre as cidades goianas que mais produzem, seguida por Uruana, em segundo lugar, e Pirenópolis, em terceiro. Completam o pódio de produtores da fruta no Estado: Itaguaru (4º lugar), Santa Isabel (5º), Petrolina de Goiás (6º), Itauçu (7º), São Luís de Montes Belos (8º), Jaraguá (9º) e Anicuns (10º). A estimativa para o Valor Bruto de Produção da banana, em 2021, é de R$ 406,8 milhões, o que representa um aumento de 42,7% em relação ao ano anterior.