Atento às tendências de mercado e adepto ao veganismo, um casal de agricultores familiares iniciou um projeto de ampliação de sua agroindústria, em Águas Lindas de Goiás, município no Entorno do Distrito Federal, com apoio do Governo de Goiás, por meio da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater). Além da fabricação de produtos veganos, o local também irá abrigar uma área voltada para o cultivo de frutas e hortaliças que servirão como matéria-prima das mercadorias.
Devido à pouca experiência com horticultura, Patrício Veríssimo e Lilla Costa resolveram buscar ajuda de profissionais da Emater em dezembro do ano passado. O propósito é aproveitar a área de sete mil metros quadrados da agroindústria para fazer o plantio dos alimentos, integrando em um mesmo espaço mais uma etapa da cadeia produtiva, da lavragem ao processamento.
“Já fizemos a visita técnica para orientar quanto ao tipo de hortaliças que podem ser cultivadas para somar ao trabalho que eles já vêm fazendo. Vamos assessorar em relação a aspectos de plantio, como manejo das culturas, preparo de solo e adubação”, conta o engenheiro agrônomo da Emater, Daniel Pereira. Concomitante à assistência técnica, será prestada assessoria jurídica para a emissão da Declaração de Aptidão (DAP) ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e obtenção da Certificação de Produtos Orgânicos.
A propriedade, que conta com a mão de obra dos cônjuges e de quatro funcionários, já realiza o plantio de bananas, que são utilizadas para a fabricação de granola, um dos carros-chefes da agroindústria, com produção estimada em 1500 quilos por mês. O local também conta com pequenas plantações de alface, rúcula, couve, manjericão, alecrim e outras ervas necessárias para a produção de queijo de castanha de caju, também um dos produtos mais vendidos pelo casal.
De acordo com Patrício, as hortaliças fazem parte do novo projeto de ampliação. Os agricultores já dispõem de uma plataforma online para a comercialização dos alimentos processados pela agroindústria, no entanto, pretendem oferecer cestas de vegetais orgânicos por assinatura, um inovador sistema de compras que tem conquistado os consumidores. Com a assinatura, os clientes pagam um valor fixo para o recebimento periódico de produtos.
“A Emater está ajudando bastante para termos maior produtividade. Precisamos buscar incentivos do governo para expandir o espaço, que hoje é pequeno. Com a assistência da Emater, teremos auxílio para angariar recursos que serão destinados à construção de um galpão onde será feito o beneficiamento dos produtos”, declara Patrício.
Mercado em ascensão
Apesar de serem associados a um nicho de mercado, os produtos veganos estão conquistando novas esferas consumidoras, inclusive entre não adeptos mas simpatizantes à filosofia. A busca por um estilo de vida mais saudável tem despertado o interesse do público por alternativas de carne e laticínios à base de vegetais.
“Sou vegano há 15 anos e atuo no segmento há mais de 18 anos. Algum tempo atrás, ninguém sabia o que era veganismo, hoje quase todo mundo já ouviu falar sobre a prática”, conta o agricultor Patrício. Diferente do vegetarianismo, o veganismo não se restringe à dieta, caracterizando-se como um estilo de vida pautado na exclusão do consumo de qualquer produto que tenha origem animal, de alimentos a artigos para higiene.
Conforme um relatório encomendado pela Associação de Alimentos Baseados em Plantas (PBFA), a indústria de alimentos vegetais experimentou um crescimento de 20% nas vendas em 2018, movimentando US$ 3,3 bilhões. A oferta de produtos inovadores e saborosos é uma das razões pelas quais esse mercado se expande, segundo um diagnóstico da Infinity Research.
Para o casal assistido pela Emater, o trabalho vai além da questão econômica. “Queremos mostrar essa filosofia de vida para as pessoas, que estão enxergando cada vez mais a necessidade do mercado apresentar essas opções. É um privilégio se sentir reconhecido e responsável por promover o veganismo”, relata.