A Emater Goiás, em parceria com a Embrapa Arroz e Feijão, desenvolve na Estação Experimental de Porangatu, região Norte de Goiás, pesquisa sobre uso de bioinsumos em lavouras de arroz. Os experimentos têm demonstrado que, com o uso de bioinsumos, a cultura tem maior tolerância aos efeitos do déficit hídrico, além de contribuir para uma produção mais sustentável e segura no estado de Goiás.
A pesquisa tem como objetivo validar as cultivares que perfomam melhor com o uso de inoculante e em solo com as características da região norte. Segundo o engenheiro agrônomo, doutor em Fitotecnia e pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Enderson Ferreira, Porangatu é um local propício para desenvolver pesquisa focada no estresse hídrico. De acordo com ele, durante a safra de inverno não chove e a temperatura favorece o desenvolvimento dos estudos, já que a cultura do arroz é sensível a temperaturas abaixo de 18 °C.
O agronômo explica que, no passado a região Norte foi um importante polo de produção de arroz no estado, principalmente quando se utilizava a cultura para “amansar a terra”. “Este é um termo utilizado há 40 anos, quando os produtores desmatavam o cerrado e, antes de plantar pastagem ou outra cultura, utilizavam o arroz nos primeiros anos de cultivo”, relembra.
Segundo o diretor de pesquisa agropecuária, Sérgio Paulo, o arroz é um alimento que faz parte do dia a dia de milhões de brasileiros e que para chegar até a mesa, o processo começa no campo. “As pesquisas são muito importantes para que o agricultor familiar tenha sucesso na sua lavoura. Por isso, nossos pesquisadores e parceiros têm realizado estes experimentos com as cultivares de arroz em situações distintas, com baixo uso de insumos, resistentes a doenças e ao estresse hídrico na busca pelos melhores resultados de produtividade”, destaca.
Na Estação Experimental de Porangatu, a pesquisa trabalha com três cultivares de arroz: Douradão, a mais antiga, tolerante ao estresse hídrico. A BRS Esmeralda, suscetível ao estresse hídrico; e, a BRS A502 uma cultivar moderna, lançada há três anos e que atualmente é demandada para cultivo sob pivô central.
Enderson Ferreira explica que a pesquisa utiliza o MIX, um inoculante que promove o crescimento, desenvolvimento e produtividade da cultura do arroz. O MIX é um bioproduto composto por três diferentes bactérias. A primeira produz um hormônio chamado ácido indolacético (AIA), que aumenta o tamanho, volume e ramificação das raízes. “Faz com que a planta explore um volume maior de solo e aumente a absorção de água e nutrientes”, esclarece. A segunda bactéria atua na solubilização do fósforo, que está presente no solo, mas indisponível para a planta por estar presa na argila. A terceira bactéria ajuda a planta a tolerar a deficiência de água.
“Nessa pesquisa o inoculante é comparado com outro dois comerciais. Um deles, BiomaPhós, foi desenvolvido para realizar a solubilização do Fosfato. Já o Auras foi confeccionado para ajudar as plantas a tolerar a deficiência de água”, ressalta.
Solo rico
Este é o segundo experimento que a Emater Goiás e Embrapa Arroz e Feijão desenvolvem em parceria. O primeiro, conduzido em Santo Antônio de Goiás na safra das águas 2023/24, os resultados iniciais mostram que sob condição de estresse hídrico, a cultivar BRS A502 inoculada com o MIX, que recebeu apenas 50% da dose de fertilizante fosfatado, apresentou respostas mais positivas que com a inoculação do BiomaPhós e Auras, respectivamente.
Para Enderson Ferreira, os resultados consolidam o arroz como mais uma oportunidade direta e rentável para o agricultor familiar da região Norte, que é conhecida como um local de solo pobre. “Engana-se quem pensa que o solo é pobre. Aqui é uma região de grandes oportunidades. Se bem plantado, tudo dá. Mas é preciso de um bom manejo e emprego de tecnologias que favoreçam o desenvolvimento e produtividade da cultura”, enfatiza.
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