Segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Goiás está entre os dez estados que mais cultivam frutas cítricas no Brasil. Ocupando a 9ª posição no ranking nacional, a produção foi de 172 mil toneladas em 2023. Com a perspectiva de aumento da produção para 2024, a preocupação do especialista da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater) é que a greening não chegue aos pomares goianos.
Regiões produtoras do centro-sul como os estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná enfrentam problemas na redução do plantio. Segundo o coordenador regional Sudoeste da Emater, José Luiz Pereira Lopes, o declínio favoreceu Goiás que aumentou a área de plantio.
“A citricultura goiana cresce gradativamente. Houve um aumento de área cultivada, devido à migração de produtores para o estado, pois as principais regiões da cultura enfrentam problemas na redução causada pela greening. Além disso, temos clima favorável e bastante água para irrigação. A citricultura vai crescer de forma expressiva no estado”, explica.
Embora as projeções para a citricultura sejam favoráveis para a cadeia produtiva em Goiás, José Luiz alerta que os cuidados, para que a praga não entre no estado, devem ser redobrados. Segundo ele, as ações da defesa agropecuária são importantes para retirar o material danoso de circulação.
“É fundamental que a população entenda que adquirir mudas que foram produzidas sem acompanhamento fitossanitário coloca em risco toda a citricultura goiana. O combate ao comércio de mudas irregulares de citros deve ser intenso”, adverte.
O coordenador orienta que a compra de mudas tem que ser em viveiro registrado e certificado, que tenha procedência e qualidade, para dificultar a entrada da doença no estado. “A expectativa é que Goiás seja um dos maiores produtores de citros, principalmente de laranja, nos próximos anos. Por isso, é preciso evitar a entrada da doença”, pontua.
José Luiz sugere ainda que outras medidas sejam colocadas em prática, como ações educativas e de conscientização do produtor e, assim, adotar estratégias para o controle da greening.
Doença letal
Segundo a Embrapa, a praga, conhecida como “doença do ramo amarelo”, é considerada a maior doença dos citros do mundo, em função da dificuldade de controle, da rápida disseminação e por ser altamente destrutiva.
A doença acomete todas as plantas cítricas e não tem cura: uma vez contaminada, não se elimina a bactéria da planta, que ainda age como fonte de transmissão para contaminação de outras no pomar. Causada pela bactéria Candidatus Liberibacter spp. e disseminada pelo inseto psilídeo (Diaphorina citri), a praga definha as plantações, o que reduz a produção.
Segundo José Luiz, a greening é considerada a doença que mais ameaça a citricultura no mundo. Os sintomas são visíveis como folhas mais grossas e frutos pequenos e deformados. Com o passar do tempo e com o aumento da severidade, toda a planta pode morrer.
Cenário promissor
O coordenador regional diz ainda que a citricultura é uma cultivo novo em Goiás, com apenas 35 anos de plantio. As principais frutas produzidas são limão-taiti, tangerina (mexerica) e laranja. As projeções para a fruticultura no estado são positivas: de acordo com dados do Mapa, em apenas um ano, a produção de laranja aumentou.
De 2023 para 2024, a área plantada cresceu de 7,2 mil hectares para 7,4 mil hectares, o que representa 160 mil toneladas. O valor da produção de laranja foi de R$ 203,6 milhões – crescimento de 28,6% em relação à safra anterior em 2023. A cultura gera 4 mil empregos, diretos e indiretos, por hectare no estado.
“A citricultura é um cultivo importante no estado e principalmente para o Brasil. No país, o limão-taiti teve o maior crescimento na exportação no último ano. Além disso, somos o maior produtor e o maior fornecedor de suco de laranja do mundo, com 75% do mercado global. A cada cinco copos consumidos, 4 são de laranjas brasileiras”, exemplifica José Luiz.
Segundo o especialista, a projeção para os próximos cinco anos é que a área plantada dobre de tamanho. “Goiás é uma potência no plantio, tanto que não há mudas para vender. Atualmente, a falta de mudas para abastecer os produtores restringe o aumento da produção no estado. Todas as mudas de viveiros goianos estão vendidas para os anos de 2024 e 2025”, enfatiza.