O queijo cabacinha está prestes a receber o selo de Indicação Geográfica (IG), graças à atuação do Governo de Goiás, por meio da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), responsável por conferir o registro. O trabalho já se encontra em fase de conclusão e representa um avanço econômico para os agricultores familiares que fabricam o alimento.
O cabacinha é um dos queijos com maior destaque em Goiás, sendo produzido por mais de 500 agricultores familiares. Isso porque a muçarela de origem italiana virou tradição e faz parte da cultura de diversos municípios do Sudoeste goiano, como Mineiros, Santa Rita do Araguaia, Portelândia, Doverlândia e Perolândia.
Desde janeiro de 2021, o queijo cabacinha é reconhecido como Patrimônio Cultural de Goiás, de acordo com a sanção da Lei nº 20.963 pelo governador Ronaldo Caiado. O reconhecimento é um importante passo para a obtenção do selo de Identificação Geográfica (IG), conferido pelo Ministério da Agricultura a produtos ou serviços que carregam características únicas graças a seu local de origem.
O trabalho para a obtenção do selo é realizado desde 2011 e, segundo Márcia Maria de Paula, engenheira agrônoma da Emater que coordena a busca pela Identificação Geográfica do queijo, o último passo é submeter a documentação ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) para ver se é necessário algum ajuste.
O selo traz diversos benefícios para os produtores, já que oferece ao produto um certificado de origem, diferenciando-o dos demais, melhorando seu acesso ao mercado e impulsionando o desenvolvimento regional. No caso do queijo cabacinha, produzido na região das nascentes do Rio Araguaia, a comercialização é potencializada também pelo turismo, explica Márcia.
“Para o produtor é ótimo porque ele sai daquelas queijarias muitas vezes no anonimato e passa a constituir uma agroindústria, com um serviço de inspeção sanitária. Os filhos também vão ajudar os pais e um processo de sucessão acaba acontecendo. Para o consumidor é maravilhoso porque ele compra um produto que a gente sabe da origem e a importância dele”.
Maria Miriam da Silva, produtora do município de Santa Rita do Araguaia, trabalha na fabricação de queijo e manteiga ao lado do marido, produzindo cabacinha há 5 anos. “A gente produz o queijo cabacinha, queijo trança e o nozinho, mas o cabacinha é o que a gente mais vende, é o mais procurado. Por dia, nós chegamos a fazer 25 peças“, conta.
De acordo com Miriam, depois de se tornar Patrimônio Cultural, a divulgação do queijo aumentou, impulsionando as vendas. Por isso, há grande expectativa pelo registro de Indicação Geográfica.
Associação dos Produtores de Queijo Cabacinha do Araguaia
A produtora Josuelma Luzia da Silva Soares, que trabalha com o queijo cabacinha há 20 anos, também acredita no crescimento do mercado do produto após a obtenção do selo. Ela é presidente da Associação dos Produtores de Queijo Cabacinha do Araguaia, criada em julho do ano passado e que atende municípios de Goiás e do Mato Grosso.
“Estamos na luta pela Indicação Geográfica há 10 anos, aí a gente percebeu a importância de criar a associação para poder já ter um reconhecimento, tanto na mídia como pelos produtores também”, explica.
Dia Mundial do Queijo
Em 20 de janeiro é celebrado o Dia Mundial do Queijo, data instituída para marcar a importância deste alimento milenar, derivado de outro alimento fundamental na rotina alimentar global: o leite.
Goiás é o 6º maior produtor de leite do Brasil, conforme a Radiografia do Agro, publicação da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). E onde tem leite tem queijo. Dentre os produtos lácteos goianos exportados de janeiro a novembro de 2021, 45,1% eram queijos, movimentando em torno de US$ 351 mil. null
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